James Goodnight, fundador do SAS e 10º homem mais rico do mundo, conversou com Olhar Digital nos Estados Unidos
Para alguns desenvolvedores, James Goodnight é uma
celebridade. Para outras pessoas, menos familiarizadas com o assunto,
este é o executivo que passou Mark Zuckerberg no ranking da Forbes
publicado em agosto. Sua fortuna, segundo a Forbes, está em torno de US$
10,6 bilhões e supera em US$ 400 milhões a de Zuckerberg, que perdeu
espaço entre os mais ricos.
Dr. Goodnight, como é chamado por seus funcionários, é um dos fundadores do SAS - empresa líder em softwares de análises de dados - e não gosta de se gabar pelo título de 10º homem mais rico do mundo. O tímido empresário dono da companhia que lidera o ranking do Great Place to Work como uma das melhores empresas para se trabalhar, prefere divulgar seus produtos e falar sobre suas paixões: tecnologia e pedras (ele possui uma imensa coleção exposta na sede da companhia na Carolina do Norte).
Dr. Goodnight, como é chamado por seus funcionários, é um dos fundadores do SAS - empresa líder em softwares de análises de dados - e não gosta de se gabar pelo título de 10º homem mais rico do mundo. O tímido empresário dono da companhia que lidera o ranking do Great Place to Work como uma das melhores empresas para se trabalhar, prefere divulgar seus produtos e falar sobre suas paixões: tecnologia e pedras (ele possui uma imensa coleção exposta na sede da companhia na Carolina do Norte).
Aos 69 anos, Goodnight, que ainda se arrisca na
programação de softwares, fundou a empresa durante seu projeto de
doutorado, em 1976, e hoje é avaliada em US$ 15,8 bilhões, de acordo com
a Bloomberg. Desde que o SAS foi fundado, nunca reportou uma queda de
faturamento, e o sucesso é atribuído à boa gestão do líder. Os US$ 138
mil conseguidos no primeiro ano se transformaram em US$ 2.7 bilhões em
2011, e os fundadores se uniram a outros 13 mil funcionários, espalhados
por 400 escritórios em 134 países.
Em um dos poucos momentos em que não está a bordo de
seu jatinho (Boeing 737) particular entre uma filial e outra - o mesmo
que levou um grupo de jornalistas da sede da empresa a Las Vegas
(Nevada) para um evento anual da companhia - Dr. Goodnight conversou com
o Olhar Digital. Durante o bate-papo rápido e bastante
objetivo, o 'grande' empresário - que mede quase dois metros de altura -
dividiu um pouco de sua trajetória, deu dicas valiosas para
desenvolvedores e empreendedores, e comentou o que é preciso ter para
trabalhar na sua companhia. Confira abaixo:
Olhar Digital - Como você começou a programar? E como se deu o desenvolvimento do primeiro software do SAS?
Eu comecei a programar cedo e naquela época tinha que
carregar os programas na mão. Basicamente o SAS nasceu das experiências
que tive na universidade. Eu trabalhava com um grupo na faculdade que
analisava os dados de uma companhia de agricultura. Na América do Sul
existem algumas empresas deste segmento que usam SAS desde aquela época.
[A Embrapa é um dos exemplos. A empresa é cliente da companhia desde
sua criação, há 36 anos.] Nós ficamos conhecidos no mercado como um
software que analisava este tipo de dado. Percebemos que os ovos não
podiam crescer sozinhos, eles precisavam das nossas estatísticas.
[risos]
Qual foi o primeiro código que você escreveu? E a primeira análise que você fez?
Acredito que o primeiro trabalho que eu fiz foi com
análise de regressão [em estatística esta é uma técnica que permite
explorar e inferir a relação de uma variável dependente (variável de resposta) com variáveis independentes
específicas]. Eu pegava uma grande quantidade de dados e analisava
usando a regressão linear [método para se estimar a condicional (valor
esperado) de uma variável y, dados os valores de algumas outras
variáveis x]. Já dentro do SAS uma das primeiras coisas que fizemos foi
introduzir em nossos softwares mais gráficos e resultados visuais.
A que você atribui o sucesso dos softwares do SAS?
Passamos muito tempo garantindo que os softwares
fossem muito ricos, com análises profundas. Em vez de uma ou duas
variáveis, colocamos umas 100 opções - algumas delas que as próprias
pessoas e clientes nos pediam para inserir. Acredito que o fato de
sempre escutarmos nossos clientes fez toda a diferença. Nós sempre
fazemos pesquisas e uma vez por ano compilamos as sugestões de melhorias
dos usuários.
Vocês usam seus próprios softwares no SAS?
Nós usamos muitos, especialmente na área financeira e
de vendas. Utilizamos para prever as tendências e possíveis perdas de
clientes. Isso não significa que perdemos muitos usuários, mas prestamos
atenção nos sinais para ficarmos alertas e provermos soluções. Com os
softwares podemos descobrir se um cliente pode deixar de usar certo
produto, além de encontrar a melhor maneira de conservá-los. Também
oferecemos outras opções, como treinamentos para que os clientes
aprendam a usar o software da melhor maneira.
Atualmente existe uma cultura de startup de
colocar o produto no mercado mais rapidamente e ajustá-lo depois,
conforme a aparição dos problemas. O que você acha desta prática?
Ah, você está se referindo à Microsoft? [risos] Nossos
consumidores nos pagam justamente para garantir que o produto comprado
vai funcionar perfeitamente. Eles têm altas expectativas e não podemos
deixar de superá-las. Mas é comum que os desenvolvedores queiram ver
seus softwares no mercado o mais rapidamente e isto já aconteceu com o
SAS. Tivemos que desacelerar alguns lançamentos para trabalhar mais nos
softwares, pois são muitos [cerca de 200] e merecem atenção.
Você ainda programa? Está desenvolvendo algo no momento?
O que faço hoje em dia é oferecer ideias ao
departamento de pesquisa e desenvolvimento. Eu sugiro soluções para
alguns problemas e até coisas novas. Também costumo trabalhar em coisas
pontuais. Por exemplo, há três anos nós tínhamos um cliente que
precisava de ajuda e eu cuidei disso pessoalmente. Atualmente minhas
contribuições são neste sentido. Eu gosto de ajudar os nossos usuários.
Minha maior discussão do momento gira em torno das novas aplicacões
in-memory [que o SAS pode hospedar em seu servidor], por isso não tenho
tido muito tempo para criar.
Por que você escolheu vender seus softwares como licenças anuais?
Em 1976, quando começamos, esta era a única maneira de
vender softwares e nós mantivemos desta forma por nos dar estabilidade
de receita. Também tem o lado do conceito do software. Eu acredito que
software não é como um livro, que você imprime e mantém igual. Ele é
como um organismo vivo que precisa ser constantemente melhorado e
refinado. Não podemos vendê-lo uma vez e não oferecer atualizações.
Que tipo de conselhos você daria aos jovens desenvolvedores? E aos líderes de empresas que sonham em crescer globalmente?
Eles precisam lembrar que há um longo caminho a se
percorrer até que o software se torne bom para rodar em empresas ou ser
usado por milhares de pessoas. Para os líderes daria um conselho que
sigo sempre: escute seus clientes. É muito importante que eles
desenvolvam softwares que sejam interessantes às pessoas. Sem isso, pode
acontecer uma crise como a de 2010, em que pessoas estavam
desenvolvendo softwares que não eram úteis para o mercado. É preciso
saber se há um espaço real para o programa que você está criando. Poucas
pessoas são como Steve Jobs, que conseguem desenvolver produtos
completamente novos que nem mesmo os consumidores sabiam que gostariam
de ter.
Falando em futuro, o que você acha que veremos na área de software de análise de dados daqui para frente?
Eu acho que nossos softwares de "high performance" são
inovadores a todos. No entanto, sei que mais e mais pessoas estão em
busca de soluções móveis, portanto, no futuro nos focaremos cada vez
mais em softwares para tablets e smartphones.
O SAS já esteve em primeiro lugar na lista
mundial do Instituto Great Place to Work como a melhor empresa para se
trabalhar, em 2010 e 2011. Quais as características essenciais para que
um profissional se una à equipe?
Acho que o profissional precisa ser muito bom no que
faz. Gostamos de especialistas na área e, especialmente, de pessoas que
são dão bem com pessoas. Não temos "prima donnas"[estrelismos] por aqui.
Queremos que todos tenham orgulho de fazer parte do nosso sucesso e
também oferecemos um ambiente de desafios para que os profissionais se
mantenham estimulados. Também não tercerizamos muitos trabalhos na
empresa, pois acredito que esta estratégia une a equipe.
Quando você passou Mark Zuckerberg na lista da Forbes, muitas pessoas compararam seus perfis. O que você achou disso?
Na verdade, houve um erro, pois calcularam meus ativos
com base nos dados do SAS. A fortuna do Zuckerberg é possível de ser
calculada, pois ele abriu o capital da companhia, mas no meu caso não.
No geral, acho que ele teve muita sorte por ter tido uma boa ideia. Todo
mundo quer se comunicar e ele conseguiu fazer isso de uma boa forma. No
SAS fazemos análises de mídias sociais, mas não usamos muito o
Facebook, porque existem muitos dados privados. Porém, este mercado de
mídias sociais oferece um bom espaço para o 'text mining', que nada mais
é que tirar boas informações de textos publicados.
Na sua opinião, quais outras empresas do mercado fazem um bom trabalho?
Google e a Amazon.
* A jornalista viajou à Carolina do Norte (EUA) a convite do SAS.
* A jornalista viajou à Carolina do Norte (EUA) a convite do SAS.
Fonte: http://olhardigital.uol.com.br/negocios/digital_news/noticias/falamos-com-o-homem-que-desbancou-zuckerberg-entre-os-mais-ricos
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